
Você já se pegou tentando liderar um time usando o mesmo estilo para todos (e quebrando a cara)? Pois é: Lidar com ser humano não é receita de bolo. Assim, cada pessoa, cada momento, cada desafio exige uma abordagem particular. É aí que entra o modelo de Liderança Situacional em TI, desenvolvido por Hersey e Blanchard. Um verdadeiro canivete suíço da liderança. No artigo anterior, Níveis de Maturidade dos Colaboradores, expliquei os estágios de maturidade M1 a M4. Agora, vamos dar o próximo passo: entender os estilos de liderança correspondentes S1, S2, S3 e S4.
Mas, além desse artigo, aqui no blog também temos diversos outros artigos sobre kubernetes, desenvolvimento, gestão, devops, etc. Veja alguns exemplos: Diferenças entre Paradigmas, Axiomas e Hipóteses, Desenvolver na empresa ou comprar pronto, Fuja da otimização prematura, entre outros.
Sumário
- Um pouco da história
- Entendendo o modelo de Liderança situacional em TI
- Estilos de liderança situacional em TI
- Conclusão de Liderança Situacional em TI
- O que são Ativos e Passivos Financeiros?
- O Microsoft MSN Messenger será finalizado?
- Domain Driven Design estratégico
- Desenvolver na empresa ou comprar pronto?
- Factory no Domain Driven Design
- Acessibilidade Web
- 10 Tendências de TI para 2024
- O que é TBF ou Taxa Básica Financeira?
Um pouco da história
Antes da Liderança Situacional, os modelos de gestão seguiam a cartilha da Revolução Industrial: foco em processos, hierarquia rígida e um estilo único de liderança, algo mais autoritário e impessoal, com o foco na tarefa. Era o famoso “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
Foi nesse ambiente que surgiram pensadores que mudaram completamente o jogo. Abraham Maslow, com a Pirâmide das Necessidades, trouxe à tona a ideia de que os indivíduos evoluem em estágios motivacionais. E também, Douglas McGregor, por sua vez, propôs a Teoria X e Teoria Y, que divide os líderes entre os que acreditam que as pessoas são preguiçosas e precisam de controle (X) e os que acreditam que as pessoas são autogerenciáveis quando motivadas (Y).

Inspirados por essa forma de pensar as pessoas, Paul Hersey e Ken Blanchard criaram, nos anos 1960, o modelo da Liderança Situacional. A proposta era simples: o estilo de liderança deve se adaptar ao nível de desenvolvimento da pessoa em determinada tarefa. Não existe um único estilo. Um bom líder é aquele que alterna entre direcionar, apoiar, envolver ou delegar, de acordo com o momento de cada colaborador.
Com o tempo, Hersey e Blanchard seguiram caminhos diferentes. Hersey manteve a linha original do modelo, com foco em prontidão e comportamento. Blanchard, por sua vez, fundou a The Ken Blanchard Companies e desenvolveu o SLII® (Situational Leadership II), empacotando o modelo num framework. O SLII se tornou um dos modelos de liderança mais utilizados no mundo, exatamente por ser simples de entender e fácil de aplicar.
Entendendo o modelo de Liderança situacional em TI
O modelo de Liderança Situacional parte da ideia de que não existe um estilo de liderança que funcione para todo mundo o tempo todo. Liderar bem exige adaptação, e isso significa variar o quanto você direciona ou apoia alguém, dependendo do momento que a pessoa está vivendo.
No artigo Níveis de Maturidade dos Colaboradores, aprofundei os quatro estágios de desenvolvimento (M1 a M4), que refletem justamente essa combinação de competência e comprometimento. Já neste, o foco é entender como o líder deve se comportar diante de cada um desses estágios.

A proposta do modelo é que o líder alterne entre quatro estilos: S1 (Direcionar), S2 (Orientar), S3 (Apoiar) e S4 (Delegar). Cada um desses estilos é mais eficaz quando aplicado ao nível de maturidade correto. A Liderança Situacional é voltada para o liderado e suas necessidade e não para as preferências e características inatas do líder. É um modelo mais prático e dinâmico, mas é o mais complexo para o gestor, uma vez que ele terá que se reorganizar de acordo com o subordinado.
Estilos de liderança situacional em TI
S1 – Direção
O estilo S1 é indicado quando o colaborador ainda não tem habilidade nem segurança para realizar a tarefa. Normalmente são pessoas em início de jornada, novatas na função ou diante de um desafio completamente novo. Elas até podem estar motivadas, mas não sabem por onde começar.
Nessas situações, o líder precisa ser extremamente claro e objetivo. Deve dizer o que fazer, como fazer e quando entregar. Nesse caso é importante ser específico nas orientações para não gerar dúvidas. Esse tipo de direção traz segurança e evita erros básicos que poderiam afetar a autoconfiança de quem está começando.
Imagine um estagiário de TI no primeiro dia, tentando configurar um ambiente de desenvolvimento. Ele não sabe nem onde fica o repositório do projeto. Nesse caso, o líder assume o volante e guia o passo a passo: “clona esse repositório, roda esse script, valida esse log”.
S2 – Orientação
No estilo S2, o colaborador já tem alguma base e vontade de fazer acontecer, mas ainda está construindo repertório técnico. Ele quer acertar, mas ainda precisa de direcionamento e apoio. Aqui, o líder continua direcionando, mas começa a explicar o porquê das decisões, ouve sugestões e reforçar a motivação. É uma liderança que combina orientação com encorajamento.
Pense em uma analista de dados que acabou de ser promovida e precisa entregar um dashboard com múltiplas integrações. Ela tem noção do que precisa ser feito, mas nunca enfrentou algo com essa complexidade. Assim, o líder mostra a forma de fazer e os porquês envolvidos, boas práticas; revisa as entregas, corrige os erros e reforça os acertos.
S3 – Apoio
O estilo S3 aparece quando o colaborador já tem conhecimento técnico, mas não está pleno: ele até sabe fazer, mas hesita. Pode ser por causa de um contexto novo, falta de reconhecimento, clima ruim ou mesmo questões pessoais. Então, é papel da liderança entender o que justifica esse estilo.
Nesse cenário o líder precisa ser mais ouvinte do que guia. O foco está em restaurar a confiança, reconhecer a trajetória e dar espaço para o colaborador se reconectar com o trabalho. As decisões podem ser tomadas em conjunto, com o líder validando e reforçando a autonomia do profissional. Para mim esse é o estilo mais difícil de lidar.
Imagine um desenvolvedor sênior que foi transferido de projeto. Ele domina a stack, conhece o negócio, mas se sente deslocado. Então, nessa hora, o líder não impõe nem cobra metas técnicas. Ele pergunta, escuta, entende os detalhes técnicos e não técnicos do cenário, propõe colaborações e reforça os pontos necessários.
S4 – Delegação
O estilo S4 é reservado para profissionais completos: maduros, experientes e autoconfiantes. São pessoas que sabem o que fazer, como fazer e têm vontade de fazer. São confiáveis e entregam sem precisar de acompanhamento constante.
O papel do líder aqui é não atrapalhar: é dar espaço. É confiar e monitorar à distância, disponível quando necessário, mas sem invadir a autonomia. Quando o líder tenta direcionar demais nesse contexto, a relação se desgasta. Imagine, por exemplo, uma product manager que lidera squads há anos, conhece o cliente e tem total domínio da jornada. Então, você define os objetivos estratégicos e ela cuida do resto planejamento, comunicação, entregas). Você só intervém se surgirem bloqueios ou para alinhar rumos maiores. Se você se atrever a explicar o que e como ela tem que fazer a tarefa dela (exceto se ela pedir), tenha certeza que ela ficará chateada.
Conclusão de Liderança Situacional em TI
Liderar bem é saber ler o momento de cada pessoa e adaptar o estilo de acordo. Assim, a grande sacada da Liderança Situacional em TI é entender que não existe uma abordagem única e definitiva. Então, quando o líder ajusta seu comportamento ao nível de maturidade da equipe ou indivíduo, a confiança cresce, o desempenho melhora e o ambiente de trabalho se torna muito mais saudável.
Aplicar S1, S2, S3 ou S4 não é acreditar numa fórmula mágica, mas sim observar com intenção e agir com propósito. É necessário parar de reagir no automático e liderar com consciência. No fim das contas, não se trata apenas de entregar resultados, mas de fazer as pessoas crescerem no processo. E isso, meu amigo, é liderança de verdade.
Ele atua/atuou como Dev Full Stack C# .NET / Angular / Kubernetes e afins. Ele possui certificações Microsoft MCTS (6x), MCPD em Web, ITIL v3 e CKAD (Kubernetes) . Thiago é apaixonado por tecnologia, entusiasta de TI desde a infância bem como amante de aprendizado contínuo.