Não confio em quem não erra

Errar faz parte do jogo, e ignorar isso é um risco real, seja para indivíduos, times e organizações inteiras. Não se trata de romantizar o erro, mas de encará-lo como uma ferramenta de aprendizado, adaptação e crescimento. Então, culturas que lidam bem com falhas se tornam mais resilientes, criativas e ágeis diante de mudanças. Já ambientes que punem ou escondem quaisquer erros estão, muitas vezes, condenados a repeti-los de forma ainda mais cara.

Sabe aquele tipo de gente que nunca erra? Que sempre tem uma resposta pronta, que nunca vacila, que está sempre no controle? Pois é… eu fujo desse tipo. Porque, na verdade, todo mundo erra: quem não admite isso, ou está mentindo ou está escondendo. Errar é parte do processo. Quem não erra, nem tenta, logo não aprende. Assim, no artigo Não confio em quem não erra, quero trazer essa ideia simples. E você também deveria pensar duas vezes antes de confiar nessa galera.

Mas, além desse artigo, aqui no blog também temos diversos outros artigos sobre kubernetes, desenvolvimento, gestão, devops, etc. Veja alguns exemplos: Diferenças entre Paradigmas, Axiomas e HipótesesDesenvolver na empresa ou comprar prontoFuja da otimização prematura, entre outros.

A ilusão da perfeição

A imperfeição faz parte da natureza humana. Aceitar isso não é aceitar o fracasso como algo bom, mas sim reconhecer que é assim que as coisas são. Quem erra tem a possibilidade de aprender algo. Quem erra e tem consciência disso, evolui. Já quem ignora os próprios erros tende a congelar no tempo.

Note que ainda vou um pouco além: o erro é relativo. Uma decisão “errada” às vezes se prova a mais adequada após anos. Um projeto que avança “todo torto” e que dura o dobro do tempo necessário pode ser, talvez, o único jeito dele ocorrer, podendo ele ser fundamental para a sobrevivência de uma organização. Algo que pode ser inicialmente ser visto como um erro, pode não ser no teste do tempo. Cabe à organização ter maturidade para analisar os erros de forma mais sistêmica ao invés de julgamentos precipitados. A cultura do erro pode e deve ser uma ferramenta de melhoria contínua.

Inovação nasce da valorização do erro

A criatividade não vem do óbvio. Ela nasce do caos controlado, do imprevisível, da tentativa e erro. Toda inovação real carrega um certo risco de dar errado: e veja que tudo bem! Claro que há contextos onde o erro tem um custo maior. Trabalhos operacionais, braçais ou de alta criticidade exigem precisão. Mas mesmo nesses casos, a gestão precisa estar preparada: se não quer erros, ela precisa estruturar processos, double-checks, redundância, treinamento constante e automatizar onde for possível. Porque, no final das contas, todos erram.

O problema de quem não erra

Tirinha sobre Não confio em quem não erra: dinossauros cometendo o erro de ignorar o meteoro, julgando estar tudo sob controle.

Tem gente que “não erra”. Pelo menos, não na frente dos outros. Esse tipo de postura tem dois efeitos imediatos: 1 – Polui a percepção que os outros têm dessa pessoa: ela parece fora da realidade. e 2 – Inibe a confiança: se ela nunca erra, quem se sentiria à vontade para mostrar fragilidade ao lado dela?

    Ou pior: essa postura pode escalar para o autoritarismo. O profissional começa a exigir dos outros o mesmo comportamento impecável que ele simula. E o ambiente vira uma panela de pressão, onde ninguém tem espaço para aprender com o erro, só para temer caça as bruxas. Na minha opinião, se você trabalha num lugar assim, pense duas vezes. E se você lidera um time e não dá espaço para o erro, pense dez vezes.

    Excesso de punição e a cegueira gerencial

    O superior que pune com severidade cada pequeno erro cria uma cultura do medo. Medo esse que se torna o um grande inimigo da transparência. Com o tempo os erros vão continuar ocorrendo, só que serão escondidos. Essa dinâmica gera outro problema grave: a cegueira gerencial. O líder começa a acreditar que sua equipe é perfeita, que tudo funciona como planejado. Até que uma crise explode e ele descobre que a base estava podre e ninguém teve coragem de avisar.

    Numa situação dessas as soluções puramente técnicas já não bastam mais. É necessário um forte jogo político, que poderia ter sido evitado com uma cultura mais saudável e inteligente ao observar os erros. E, mais do que isso, aprender com eles.

    Eu não confio em quem não erra

    Olha, e não confio mesmo. Quem trabalha próximo de mim sabe que sou repetitivo com essa frase: “Não confio em quem não erra”. Essa gente que está escondendo alguma coisa ou vive uma fantasia que não combina com o mundo real dos negócios.

    Mas, na boa, não estou promovendo o erro ou a mediocridade. Longe disso! É, na verdade, uma defesa da maturidade e da melhoria contínua. Bons líderes não são os que nunca erram, mas os que sabem como lidar e aprender com o erro, seus e dos outros.

    Conclusão de não confio em quem não erra

    Errar faz parte do jogo, e ignorar isso é um risco real, seja para indivíduos, times e organizações inteiras. Não se trata de romantizar o erro, mas de encará-lo como uma ferramenta de aprendizado, adaptação e crescimento. Então, culturas que lidam bem com falhas se tornam mais resilientes, criativas e ágeis diante de mudanças. Já ambientes que punem ou escondem quaisquer erros estão, muitas vezes, condenados a repeti-los de forma ainda mais cara.

    Por isso, da próxima vez que alguém se apresentar como “inerrível”, desconfie. Prefira cercar-se de pessoas honestas, que saibam reconhecer suas falhas, aprender com elas e seguir em frente com mais força. Porque no fim das contas, a confiança não nasce da perfeição, nasce da vulnerabilidade bem gerida e da coragem de melhorar sempre.


    Thiago Anselme
    Thiago Anselme - Gerente de TI - Arquiteto de Soluções

    Ele atua/atuou como Dev Full Stack C# .NET / Angular / Kubernetes e afins. Ele possui certificações Microsoft MCTS (6x), MCPD em Web, ITIL v3 e CKAD (Kubernetes) . Thiago é apaixonado por tecnologia, entusiasta de TI desde a infância bem como amante de aprendizado contínuo.

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